PAGANUS
Autor:
Simone O. Marques
Editora:
Modo
Data:
2012
Número
de páginas: 352 p.
ISBN:
978-85-65588-36-2
SINOPSE
"Portugal, 1673. Duas mulheres celtas e um bebê
recém-nascido enfrentam a perseguição da Igreja contra hereges pagãos.
Obrigadas a deixar sua aldeia, ajudadas por um jovem cristão, partem em busca
de um lugar onde possam cultuar seus deuses livremente. Em meio a sua fuga,
descobrem que a Grande Mãe tem uma missão para eles e que levará a lugares
inesperados e uma desconhecida Terra Nova."
COMENTÁRIOS
Meu
contato com o livro foi por acaso. Participei de um bate-papo com autores
nacionais e quando a Simone falou sobre suas obras fiquei muito curiosa. Quem
acompanha o MiMos sabe que apesar de comprar constantemente livros de autores
nacionais não os leio com a mesma frequência. Quero crer que não é por
preconceito, mas sim porque no geral fogem do meu estilo favorito (histórico) e
porque estou sempre muito envolvida com longas séries estrangeiras. No entanto
assim que vi peguei em mãos Paganus e li a sinopse fui fisgada,
não tinha como resistir. Depois de devorar o livro em um dia e meio sabia que
tinha que divulga-lo, assim temos hoje a segunda resenha de um livro nacional
no MiMos.
Com
uma capa belíssima; uma diagramação que impressiona e um enredo forte e
envolvente Paganus conquista o leitor completamente. Uma história com
elementos históricos, contextualizada em fatos reais e que pode ter acontecido
assim mesmo. O cenário é a Portugal de 1660 a 1690, período em que a inquisição
e a caça às bruxas estava no auge.
Na
primeira parte do livro começamos a história acompanhando uma tragédia que
acomete a família Couto, portugueses tradicionais, cristãos e parte integrante
da elite. Nesse contexto temos Diogo e Douglas ainda crianças, gêmeos idênticos
por fora, mas tão diferente quanto água e vinho por dentro; que enfrentam um
drama que vai marcar suas vidas. Diogo é um menino doce e sensível
muito parecido em espírito com sua mãe; já Douglas é cruel, insensível e
idolatra o pai, um homem duro, mas fraco, que por obra do destino se torna
ainda mais amargo e cruel.
“Mário
saiu caminhando com passos pesados pelo corredor e sabia que precisava
conversar com seus filhos. Não podia ter permitido que o vissem demonstrar
tamanha fraqueza. Ele tinha filhos homens e sempre os ensinara que homens não
choram, não amolecem, têm que ter o comportamento firme e que lugar de ternura
é o coração das mulheres, não o deles.” (p. 12)
A
narrativa da Simone é forte e marcante e mesmo quando a o enredo nos irrita ou comove
é impossível largar.
O
tempo passa e Mário é nomeado Dom Mário Couto, responsável pelo extermínio de
hereges no entorno da Vila dos Canetos, para onde segue com os filhos já moços.
“-
A missão da Igreja é levar a todos a Verdade, converter, arrebanhar... mas há
muitos resistentes. [...] Esses hereges precisam de alguém que os convença.
[...] – Há aldeias inteiras de hereges e eles estão a nos desafiar.” (p. 22)
É
então que o destino os põe a prova e cada um vai ter que descobrir seu caminho.
Enquanto Mário e Douglas se satisfazem caçando e matando pessoas inocentes,
Diogo se sente cada vez pior e começa a questionar os ensinamentos cristãos.
Quando chegam a uma aldeia isolada na floresta para mais um massacre, não
imaginam que suas vidas estão prestes a mudar radicalmente.
Esse
local é comandado por Gleide, uma mulher forte e poderosa, que segue os
preceitos celtas e pode ser cruel para atingir seus objetivos. Ela mora com sua
filha Adele, uma jovem que está no final da gravidez e que se destaca
pela sua doçura e romantismo o que incomoda sua mãe. Para Gleide as mulheres
devem sempre comandar e os homens só existem para servi-las a seu bel prazer e
serem descartados. Conceito que sua filha não entende, pois é apaixonada pelo
marido.
Quando
os Couto chegam à aldeia em busca de pagãos, Adele está em trabalho de parto e
a situação foge ao controle de todos. Seu marido é assassinado e o cruel
Douglas tenta mata-la. Diogo indignado com a atitude do pai e irmão salva mãe e
filha, foge com elas e é dado como morto pela família.
Ele
acompanha o parto de Adele e se apaixona pela moça e a criança, Danieli, desde
o início. Mesmo contra seus ensinamentos ele fica com eles e partem em busca de
um local onde possam viver em harmonia. Tem início uma dura jornada, onde os
perigos espreitam a todo instante. Diogo é considerado então um “cristão com coração pagão” e conforme
conhece e entende a cultura celta duvida ainda mais da veracidade dos
ensinamentos cristãos.
Diogo
e Adele vão se conhecendo e envolvendo cada vez melhor e a moça não resiste ao
carinho, apoio e amor que o rapaz sente por ela e a filha. Gleide não fica
satisfeita com o envolvimento dos dois e tenta separá-los de uma forma vil, no
entanto infrutífera.
“- Diogo... um homem pagão de
nossa tribo não tem a propriedade de uma mulher e não pode ter a pretensão de
tal. [...] – Deve estar a nosso dispor... entende isso? – ela falou e Gleide se
aproximou parando diante dele.
-
Senhoras, eu não... – ele se sentia estranho e via suas vontades minadas e
controladas pelas duas mulheres que estavam diante dele. Bruxas poderosas e que
o tinham nas palmas das mãos. (p. 138)
Enquanto
isso na Vila dos Canetos Douglas começa a desconfiar que o irmão esteja vivo e
mudou de lado; começa então uma perseguição ainda mais perigosa para os
fugitivos. Não tarda e os encontra vivendo em uma aldeia pacífica como um casal
com a filha menina. Uma batalha de vontades tem início e somente com muita
perseverança eles conseguem vencer.
Na
segunda parte do livro temos uma Daniele adolescente e muito sábia, que apesar
de viver como uma ‘falsa cristã’ é totalmente voltada aos ensinamentos da Grande Mãe, a Deusa Dana. Ela sabe desde
pequena que nasceu com uma missão e vai ter que cumpri-la quando chegar a hora,
mas ainda não sabe qual será.
“-
Chamam-na de Brasil... – Daniele a olhou e Gleide sentiu em suas mãos que ela
descobrira sua missão. – E eu... devo ir para lá. – a neta completou com
dificuldade.
[...]
Ela
sempre soubera que a neta tinha uma importante missão a cumprir. Acreditava que
o destino de Daniele estava nas mãos da grande Deusa, mas não pode deixar de
sentir um aperto no peito ao ouvir a revelação [...]” (p. 180)
A
narrativa da Simone é tão dinâmica que nos surpreende a todo instante. Quando
chegamos a um ponto em que a história parece caminhar para seu final
acontecimentos inesperados mudam o rumo da trama e a torna ainda mais intensa.
É
o que acontece a partir deste momento, quando Daniele se vê obrigada a ficar
noiva e partir da aldeia levando seu irmãozinho para fugir do assédio de um Dom
egoísta e mimado. Neste contexto tem-se uma das cenas que mais me emocionou em
todo o livro, realmente levou-me às lágrimas.
O
que poderia ser o desfecho da história é apenas um fator decisivo para a sua
continuidade. Todo sofrimento é o propulsor para que Daniele parta em busca de
sua missão e encontre o verdadeiro amor.
É
uma obra nacional que recomendo sem nenhum receio, de uma qualidade de
narrativa impecável e feita para agradar. Seus personagens são fortes e
decididos, dispostos a enfrentar qualquer conflito para alcançar um bem maior.
Saga Paganus
Paganus
Triskle
Tribo de Dana
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Modo: http://modoeditora.com.br/
Ai que resenha linda! Adoro esse fundo religioso sabe... Onde se questiona várias coisas. E por ser um romance de pessoas com cultura bem diferentes isso me ganha!! Adorei! A literatura nacional tem arrebentado em suas histórias! Parabéns amiga pela resenha. E parabéns a autora pela obra, parece magnífica e primorosa!
ResponderExcluirGabi, só posso acrescentar: leia, leia, leia já!!!
ExcluirÉ um livro lindo, com cenas intensas e envolventes demais.
Bjkas,
Monique
Querida Monique, conheci Simone há tanto tempo que já nem me lembro. Tenho o livro Paganus, mas quando ainda se chamava Gênese Pagã (pra você ver como nossa ligação é antiga). Assim que tomei contato com a literatura de Simone pensei: "a literatura fantástica nacional está redimida", tamanho foi meu encantamento. Desde aí mantenho contato com ela que para mim não é mais uma revelação com potencial, mas uma escritora concreta, completa e com textos tão poéticos que chegam muitas vezes a doer. Ela é fantástica!
ResponderExcluirAinda no conhecia a obra da autora, mas foi amor a primeira página. Agora vou procurar os outros livros para me deliciar com sua obra.
ExcluirBjkas!
Monique
Linda a resenha amiga, deve ser maravilhosa a história, mas não tem muito drama não??????
ResponderExcluirAdoro um bom romance e aventura e toda essa história celta, hummmm quero muito ler o livro. Parece excelente deixando o drama de lado.
Não amiga, o drama não é exagerado. Todas as cenas dramáticas são tão intrínsecas a história que são inevitáveis.
ExcluirBjkas!
Monique
Esse está na minha lista faz tempoooo xD
ResponderExcluirBeijos e linda resenha!!
Oii flor!
ResponderExcluir:D
Amei a forma que colocaste a resenha!
Parece ser um livro legal, mais não é meu estilo ler romances "pagãs" xD
beijcoas.
Modaeeu.blogspot.com